sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ExcertoS da carta de deSpedida de JoSé Alberto Carvalho da RTP

O melhor observador é aquele que consegue fechar os olhos.

Depois de contemplar uma paisagem, uma pessoa, ou um momento, fecha os olhos e nesse momento, de olhos fechados, percebe o que verdadeiramente reteve da imagem anterior.

Os detalhes, as cores, as formas, aquilo que verdadeiramente torna especial a imagem que antes se apresentava perante os seus olhos.

Se várias pessoas o fizerem em simultâneo, cada uma delas irá reter imagens diferentes.

Depois de uma montanha há sempre outra montanha. É essa a magia dos grandes espaços.

Desfrutemos esta, e saibamos abrir os nossos corações e todos os nossos sentidos para que a próxima montanha seja ainda mais saborosa de desfrutar, de modo a que nos sintamos realizados e orgulhosos no momento em que decidirmos fechar os olhos para percebermos o que verdadeiramente retemos dessa paisagem.

É o que desejo para mim; e é o que desejo a todos os que são inconformados e que buscam sem cessar a sua realizacao profissional e pessoal. A vida é uma caminhada; mas para a percorrermos não basta caminhar...

Olhando para este percurso, vejo as pegadas que deixámos. São as nossas! E não as de mais ninguém. As minhas tomam, neste momento, um outro rumo. Mas estou certo que a caminhada prossegue e que novas pegadas serão impressas, com o mesmo talento e determinação.

A despedida de quem gostamos, das coisas e das pessoas que amamos, é sempre um exercício de nostalgia. Na verdade, quando o fazemos estamos também a despedirmo-nos de um pouco de nós próprios. E aqui fica uma grande parte de mim! Uma parte boa e outra menos agradável, certamente. Fica também o reconhecimento humilde de que poderíamos ter feito ainda melhor. Mas também fica a convicção absoluta de que fizemos um bom trabalho. E não há nenhuma razão para que assim não continue!

No entanto, só pode haver reencontro se houver despedida; só pode haver caminho se nos fizermos a ele; só pode haver descoberta se partirmos para ela.

Mas nunca esquecerei a jornada maravilhosa de descoberta mútua, conquista e generosidade que tive a honra de percorrer convosco! Obrigado!

JAC

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