Falta de empatia, remorso, sentimento de culpa. O psicopata não aguenta o tédio e faz tudo para ser bem sucedido.
"Psycho killer, qu'est-ce que c'est?", perguntam os Talking Heads
desde 1977. Um tipo de comportamento extremo que afecta cerca de um por
cento da população mundial e afecta muito mais gente.
De um modo
simplista, mas verdadeiro, um psicopata é alguém que não sente culpa,
não tem compaixão nem qualquer tipo de empatia; é manipulador, charmoso,
não tem picos de felicidade nem de tristeza, não é ansioso, em suma,
pode-se dizer que é quase feliz.
É também alguém que por não ter noção
de que sofre de uma perturbação é muito difícil de tratar. Em último
caso pode-se afirmar que um psicopata não tem cura.
"De todas as desordens mentais, a psicopatia é a mais fácil de
suportar, a menos dolorosa", afirma sem hesitar Jon Ronson, o jornalista
inglês, colaborador do "The Guardian", que anda há anos a investigar
patologias comportamentais, uma curiosidade que o levou a deixar de
querer ser músico para se tornar escritor.
Em 2011 saiu com "O Teste do
Psicopata", um trabalho de investigação que o levou a cadeias de alta
segurança, ao convívio com a cientologia, com os corredores do MI6,
hospitais psiquiátricos ou ao dia-a-dia em empresas e chegar a
conclusões no mínimo inquietantes como esta: "O sistema capitalista
promove e premeia comportamentos psicopatas. Portanto, não estranhe se o
seu chefe for um psicopata".
Pode, no entanto, achar que a melhor
maneira para subir na vida é adoptar tipos comportamentais de um
psicopata e deixar de lado os sentimentos quando passa a porta do
escritório.
E um psicopata não é necessariamente alguém que mate, mas que para
chegar aos seus fins é capaz de prejudicar os que o rodeiam sem o mínimo
sentimento de remorso. Não gosta de tédio, quer sucesso a todo o custo,
nunca está satisfeito. Ambicioso como se quer num momento de
capitalismo desenfreado.
Que não haja dúvidas. "Esta é uma história sobre loucura", como avisa
o autor no arranque deste livro que começou quando uma neurologista
chamou Jon para a ajudar a desvendar um enigma. A pesquisa tornou-se de
tal modo intensiva que absorveu o jornalista e, durante dois anos, o fez
correr riscos. Nada que o demovesse de entrar num mundo para sair de lá
com uma boa história. E saiu com este ensaio/reportagem sobre a
psicopatia e uma indústria que ganha rios de dinheiro à volta da
loucura.
20 sintomas de psicopatia
Há características que levam a que o diagnóstico fique facilitado,
mas não se aconselha que faça uma auto-análise. Um grupo de
especialistas adoptou uma lista de sintomas que Jon Ronson desmonta
neste livro nada populista nem alarmante. É uma reportagem com
testemunhos e suportada cientificamente.
Item 1: Loquacidade/charme superficial
Item 2: Sentido grandioso de superioridade
Item 3: Necessidade de estimulação/propensão para o tédio
Item 4. Mentira patológica
Item 5: Astúcia/manipulação
Item 6: Ausência de remorso ou sentimento de culpa
Item 7: Afecto superficial
Item 8:Insensibilidade/Ausência de empatia
Item 9: Estilo de vida parasita
Item 10: Controlos comportamentais diminutos
Item 11: Comportamento sexual promíscuo
Item 12: Problemas comportamentais precoces
Item 13: Ausência de objectivos realistas de longo prazo
Item 14: Impulsividade
Item 15: Irresponsabilidade
Item 16: Incapacidade de assumir a responsabilidade pelos próprios actos
Item 17: Inúmeros relacionamentos maritais de curto prazo
Item 18: Delinquência juvenil
Item 19: Revogação de liberdade condicional
Item 20: Versatilidade criminal
http://economico.sapo.pt/noticias/o-seu-chefe-pode-ser-um-psicopata_138437.html