sábado, 2 de outubro de 2010

ObsessioN



Modelo psicanalítico

Através do seu olhar psicanalítico, Freud legou-nos relatos de grande riqueza clínica. 
O seu novo modelo explicativo para os fenómenos de natureza obsessiva, baseia--se na teoria dos estádios sexuais e nas noções de regressão da Libido e do Eu. Segundo este autor, a Neurose Obsessiva derivaria de uma “falha no período edipiano”, com regressão ao estádio sádico-anal e consequente predomínio das relações actividade-passividade–agressividade. 
Na sua perspectiva, o carácter e a clínica do doente obsessivo seriam resultado do compromisso estabelecido entre as pulsões reprimidas e intensas proibições introjectadas na forma de uma moralidade estrita.

Modelo comportamentalista

Os teóricos do comportamentalismo desenvolveram um modelo que visa explicar a génese dos fenómenos da patologia ansiosa em geral e, da obsessiva em particular: o denominado Modelo bi-factorial ou Teoria dos dois factores de Mowrer (1939), aplicado por Dollard e Miller (1950) aos comportamentos obsessivo-compulsivos.

Segundo este modelo, num primeiro estado, baseado no condicionalismo clássico, um estímulo previamente neutro, condiciona-se ao associar-se a outro estímulo (incondicionado), que de forma inata, produz ansiedade ou inquietação. O estimulo (já condicionado) passa a adquirir as mesmas propriedades aversivas e ansiógenas que o estimulo incondicionado inicial.



Modelo cognitivo

O interesse pelos aspectos cognitivos dos pacientes obsessivo-compulsivos é relativamente recente.
Este modelo sugere que a problemática dos quadros obsessivos é centrada na tendência destes pacientes fazerem interpretações erróneas e assumirem atitudes através de condutas (lavagens, ordenação…) ou rituais mágicos de pensamento.

Recentemente, Salkovskis (1999) propôs um modelo cognitivo da Perturbação Obsessiva, no qual sugere que a distinção entre os pensamentos intrusivos (presentes em 90% da população) de indivíduos saudáveis e de indivíduos obsessivos, passa pela interpretação que os pacientes fazem, no sentido de assumir a responsabilidade das cognições e a sua prevenção, gerando uma série de consequências negativas: ansiedade, depressão, focalização no estímulo ansiógeno e tentativa de neutralização do pensamento intrusivo através de outros pensamentos ou rituais.

Modelo biológico

A visão desta doença como perturbação “psicológica” manteve-se ao longo do séc. XX, mercê das contribuições de outros modelos, tais como os comportamentais e posteriormente, os cognitivos. Desde há menos de duas décadas, os avanços ocorridos nos múltiplos campos da ciência e da técnica médicas, determinaram a viragem de um paradigma predominantemente psicológico para um paradigma biológico.

Os primórdios das teorias biológicas sobre a doença obsessiva surgem na década de 20, data em que a epidemia de Encefalite Letárgica europeia terá permitido a observação de sequelas neuropsiquiátricas que seriam sobreponíveis a autênticas manifestações obsessivas.

Este modelo defende a presença de anomalias na função/estrutura de regiões cerebrais específicas, demonstráveis por estudos imagiológicos e funcionais. A Perturbação Obsessivo-Compulsiva deverá ser uma patologia cujo substrato poderá residir na disfunção de áreas cerebrais específicas, entre as quais se destacam o córtex orbitofrontal e cingulado anterior, bem como elementos dos núcleos de base (núcleo caudado) e estruturas límbicas.

Sem comentários: