segunda-feira, 5 de abril de 2010

CV

Eu ri tanto até doer a barriga, já nadei até perder o fôlego, já chorei até dormir e acordei com o rosto desfigurado.

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com uma vela. Eu já fiz bola de pastilha elastica e colou-se em todo o meu rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés de fora.

Já brinquei por telefone, já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei um beijo, Já fiz confissões antes de dormir num quarto escuro pro melhor amigo. Já confundi sentimentos.
Peguei o atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz doce, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no carro. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvores pra roubar fruta, já caí da escada com o rabo no chão.

Conheci a morte de perto, e agora anseio por viver cada dia.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do wc, já fugi de casa pra sempre, e voltei no instante seguinte.

Já saí pra caminhar sem rumo, sem nada na cabeça, ouvindo estrelas. Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi whisky até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.

Já me deitei na relva de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num bau, chamado coração.

E agora um formulário me interroga e me encosta a parede e grita: "- Qual sua experiência?"

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: " Experiência...experiência..."

Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência?

Não!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!


Autor desconhecido

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